segunda-feira, 29 de setembro de 2008


A Casa de Celestina - 2000/2001

Neste quadro, Paula Rego representa toda a mentalidade que envolve a virgindade da mulher. Começando por fazer uma análise descritiva do quadro vemos no centro, numa cena bem iluminada uma mesa, à volta da qual encontramos as personagens. Do lado esquerdo da mesa vemos uma figura feminina que aparenta alguma idade, devido à luminosidade e postura desta figura vemos que será a matriarca e a personagem principal à volta da qual a cena gira, tem os seios descobertos e uma túnica transparente cobre-lhe parte do corpo. Ao seu lado vemos um casal, também com alguma idade que estão a ser servidos por um empregado que se encontra na penumbra, a senhora tem a mão sobre o peito do homem demonstrando posse e domínio.
Do lado esquerdo da personagem principal vemos duas figuras masculinas deitadas no chão e a dormir ou embriagados, acabando por ridicularizar a situação das figuras masculinas.
No topo da mesa, em primeiro plano, vemos uma figura feminina de braços cruzados e perna esticada. Nas costas da personagem principal vemos um escadote onde está pendurada uma sacola e em cima do escadote encontram-se alguns livros, sobre os quais está sentado um rapaz que olha na direcção do muro sobre o qual se encontram duas figuras femininas. A mais velha e com avental vigia a mais nova não permitindo qualquer aproximação física entre o casal de jovens.
No extremo esquerdo do quadro vemos uma porta, com o interior bem iluminado e onde podemos ver um homem sentado num banco que observava a mulher nua à sua frente, esta mulher inclina a cabeça para o “interior” da divisão. Esta situação representa a “escolha” e “compra” de mulheres para satisfazer os prazeres sexuais. A mulher desfila de forma a ser aprovada e escolhida pelo cliente.
Num primeiro plano, do lado direito, vemos uma figura sentada no chão com os braços esticados embora seja uma posição associada a crianças, podemos ver que o rosto e as mãos pertencem a uma pessoa idosa. A posição assumida pela personagem indica-nos desespero, um pedido de ajuda urgente. À sua frente vemos duas mulheres que trabalham na costura e que parecem conversar, estas figuras representam a crítica social, representam as coscuvilheiras que passam o tempo a dizer mal de tudo e de todos. Num plano ligeiramente afastado podemos ver três figuras femininas: uma criança, uma mulher e uma velha. A mulher usa um vestido provocante e encontra-se numa postura irreverente, representa as mulheres que entraram na exploração sexual devido à perda da virgindade e que por isso eram automaticamente “excluídas” da sociedade. A senhora mais velha tem a criança no colo, o olhar desta senhora revela grande concentração enquanto o olhar da criança dirige-se para o infinito, é um olhar vago. A mulher mais velha representa as matriarcas que coziam as meninas como forma de assegurar a continuidade da virgindade até ao casamento.
No canto superior direito vemos uma figura feminina que está em queda, a mão segura o cabelo e a outra “defende-se da queda”. Esta personagem representa as mulheres que por vários motivos perdiam a virgindade e eram banidas, atiradas fora da sociedade.
Todo o quadro anda à volta da temática da virgindade feminina. Estão representadas as várias formas de prevenção bem como as consequências da mesma.

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Pelas minhas mãos...

Eu...