Tríptico (aborto) - 1998
Este é o primeiro de dois trípticos pintados pela artista sobre o aborto. Sendo este um tema que conduz a mulher à discriminação em Portugal, Paula Rego produziu várias obras onde aborda a temática de forma a provocar o observador tornando-o cúmplice do sofrimento e da discriminação de quem, por factores económicos, tem de recorrer ao aborto clandestino.
Desde sempre a mulher tem sido discriminada pelo sexo, pela falta de poder, pela baixa escolaridade, por ser considerada o “sexo fraco” mas nesta obra apresenta a falta de direitos à escolha do seu futuro.
As questões relacionadas com o aborto, embora choquem e provoquem discussão, são situações pelas quais as mulheres em Portugal eram punidas e consideradas criminosas socialmente. Paula Rego aborda esta temática como forma de alerta para o sofrimento da mulher.
No quadro da esquerda, no centro, vemos uma mulher sentada numa cama, de pernas afastadas, tendo uma toalha por baixo de si e uma tigela do seu lado direito, por baixo da qual podemos ver um balde e um alguidar. Embora o rosto da mulher pareça tranquilo, vê-se que parece olhar o infinito, despido de sentimentos e emoções, a pressão que as mãos exercem nas pernas deixa transparecer o sofrimento interior desta mulher. Todos os restantes elementos do cenário são significativos para indicar ao observador que esta mulher sofreu um aborto.
Na imagem central, temos como elemento central uma mulher ajoelhada, por baixo de si podemos ver um recipiente, está com a cabeça apoiada na cama que está coberta por um manto vermelho e por uma toalha branca atravessada. No fundo da cama pode-se ver um recipiente para a água e um cadeirão tombado. Se no quadro anterior o sofrimento só seria perceptível pela força das mãos nas coxas, neste quadro o sofrimento da mulher é bem visível, a cama desarrumada, o cadeirão caído, a sua cabeça apoiada na cama e sobretudo a sua expressão denunciam-nos um sofrimento atroz. Estando com roupa interior, leva-nos a deduzir que este processo já teve início há algum tempo e devido à dor. Deduz-se que esta mulher já tentou aliviar o sofrimento tirando a roupa, já deveria ter tentado várias posições e que já se espalhou por todo o quarto.
Na imagem da direita temos representado em grande plano uma mulher que, aparentemente, dorme tranquilamente, tem uma mão que segura a almofada e os sofás revelam já alguma decadência. Neste quadro esta mulher parece jovem, devido ao penteado e ao vestuário ( os ténis) o que nos leva a deduzir que esta jovem já passou por algum tipo de sofrimento, tem o rosto bastante fechado para quem dorme e a posição das pernas também será indício do sofrimento passado.
Este quadro por si só não teria o mesmo significado que tem quando o englobamos no tríptico sobre o aborto. Assim, se no primeiro quadro vemos uma mulher que ainda não revela grande sofrimento, temos um segundo quadro onde isso é representado sem qualquer dúvida e de seguida temos este terceiro quadro que nos apresenta uma mulher a dormir. Analisando esta sequencia podemos deduzir que a primeira imagem poderá representar alguém que se encontra numa primeira fase, em que as dores ainda se suportam e em que é fundamental manter a calma e a posição de expulsão.
Na segunda imagem, aquela mulher já não suporta as dores e a tortura é de tal forma que tudo servirá para aliviar o sofrimento, esta última é a imagem de alguém que adormece de exaustão que depois de todo o sofrimento físico e psicológico já não resiste e adormece. Este tríptico foi elaborado aquando do referendo sobre o aborto, pretendo alertar para o sofrimento da mulher que aborta não por prazer mas por necessidade.
Este é o primeiro de dois trípticos pintados pela artista sobre o aborto. Sendo este um tema que conduz a mulher à discriminação em Portugal, Paula Rego produziu várias obras onde aborda a temática de forma a provocar o observador tornando-o cúmplice do sofrimento e da discriminação de quem, por factores económicos, tem de recorrer ao aborto clandestino.
Desde sempre a mulher tem sido discriminada pelo sexo, pela falta de poder, pela baixa escolaridade, por ser considerada o “sexo fraco” mas nesta obra apresenta a falta de direitos à escolha do seu futuro.
As questões relacionadas com o aborto, embora choquem e provoquem discussão, são situações pelas quais as mulheres em Portugal eram punidas e consideradas criminosas socialmente. Paula Rego aborda esta temática como forma de alerta para o sofrimento da mulher.
No quadro da esquerda, no centro, vemos uma mulher sentada numa cama, de pernas afastadas, tendo uma toalha por baixo de si e uma tigela do seu lado direito, por baixo da qual podemos ver um balde e um alguidar. Embora o rosto da mulher pareça tranquilo, vê-se que parece olhar o infinito, despido de sentimentos e emoções, a pressão que as mãos exercem nas pernas deixa transparecer o sofrimento interior desta mulher. Todos os restantes elementos do cenário são significativos para indicar ao observador que esta mulher sofreu um aborto.
Na imagem central, temos como elemento central uma mulher ajoelhada, por baixo de si podemos ver um recipiente, está com a cabeça apoiada na cama que está coberta por um manto vermelho e por uma toalha branca atravessada. No fundo da cama pode-se ver um recipiente para a água e um cadeirão tombado. Se no quadro anterior o sofrimento só seria perceptível pela força das mãos nas coxas, neste quadro o sofrimento da mulher é bem visível, a cama desarrumada, o cadeirão caído, a sua cabeça apoiada na cama e sobretudo a sua expressão denunciam-nos um sofrimento atroz. Estando com roupa interior, leva-nos a deduzir que este processo já teve início há algum tempo e devido à dor. Deduz-se que esta mulher já tentou aliviar o sofrimento tirando a roupa, já deveria ter tentado várias posições e que já se espalhou por todo o quarto.
Na imagem da direita temos representado em grande plano uma mulher que, aparentemente, dorme tranquilamente, tem uma mão que segura a almofada e os sofás revelam já alguma decadência. Neste quadro esta mulher parece jovem, devido ao penteado e ao vestuário ( os ténis) o que nos leva a deduzir que esta jovem já passou por algum tipo de sofrimento, tem o rosto bastante fechado para quem dorme e a posição das pernas também será indício do sofrimento passado.
Este quadro por si só não teria o mesmo significado que tem quando o englobamos no tríptico sobre o aborto. Assim, se no primeiro quadro vemos uma mulher que ainda não revela grande sofrimento, temos um segundo quadro onde isso é representado sem qualquer dúvida e de seguida temos este terceiro quadro que nos apresenta uma mulher a dormir. Analisando esta sequencia podemos deduzir que a primeira imagem poderá representar alguém que se encontra numa primeira fase, em que as dores ainda se suportam e em que é fundamental manter a calma e a posição de expulsão.
Na segunda imagem, aquela mulher já não suporta as dores e a tortura é de tal forma que tudo servirá para aliviar o sofrimento, esta última é a imagem de alguém que adormece de exaustão que depois de todo o sofrimento físico e psicológico já não resiste e adormece. Este tríptico foi elaborado aquando do referendo sobre o aborto, pretendo alertar para o sofrimento da mulher que aborta não por prazer mas por necessidade.
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