sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Presépios de Natal
http://picasaweb.google.com/cinderela71/6A#
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Os alunos do Clube de Artes 2 elaboraram quadros com a aplicação de vários materiais dando relevo aos mesmos. poderás ver as imagens em:
http://sites.google.com/site/cinderela71/clube-de-artes-2
A turma 5ºB propôs, para o Natal, a reutilização de materais usados em anos anteriores, assim, esta turma realizou um painel de Natal com a adaptação do antigo logótipo da escola e com o recente. Vê as imagens em: http://sites.google.com/site/cinderela71/5o
Os alunos do 6º A optaram por, tambem utilizando materiais de anos anteriores, construir as principais figuras do presépio e um painel com os trabalhos realizados na exploração dos sofwares de tratamento de imagem. Para poderes ver todo o processo vai a
http://sites.google.com/site/cinderela71/6oa
Mantem-te atento porque me breve teremos a montagem e exposição final dos trabalhos.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Clube de Artes 2
Para veres as imagens http://sites.google.com/site/cinderela71/clube-de-artes-2
Clube de Artes 1
sábado, 25 de outubro de 2008
Unidade de trabalho
Unidade de Trabalho - 6ºA
Dando inicio à unidade didáctica da decoração da capa individual do aluno com a visualização de uma aporesentação em Power Point sobre a Vida e Obra de Paula Rego. A análise às obras de Paula Rego foram realizadas, incialmente, atraves de alguma orientação e salientando o recurso às figuras de estilo, nomeadamente dupla significancia, simbologia formal e cromática, hiperbole e personificação.
A abordagem e debate das temáticas tratadas nas obras de Paula Rego exigem algum cuidado por parte do adulto de forma a não chocar os alunos mais sensiveis quando de fala de temas como aborto, a posição da mulher na sociedade, obesidade/anorexia entre outros. Os alunos da turma mostraram-se interessados e bastante participativos.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Processo de criação
O seu estúdio em Londres situa-se numa zona periférica, numa rua onde algumas casas parecem abandonadas e a numeração das portas é irregular mas, segundo José Sousa Machado, é curioso verificar que várias pessoas que lá moram conhecem a artista enquanto pintora e sobretudo enquanto pessoa caracterizando-a como simpática, afável, generosa e humilde.
[1] Paula Rego in MACHADO, José (2007): “Quarto de Brinquedos” Lisboa, Tabu, p: 34
[1] Ibid. p:34
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Vida e obra
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Nesta imagem vemos, no primeiro plano, uma figura feminina que embora use um vestido juvenil branco, símbolo de inocência. Embora apresente um rosto de mulher madura, a ideia de que se trata de uma jovem é reforçada pelo laço vermelho do cabelo. Esta figura encontra-se sentada com as pernas ligeiramente abertas e tendo ao colo uma cabeça de veado que numa primeira interpretação nos indica que o pai pode ser um caçador, daí que seja tido como troféu. Podemos ainda fazer uma segunda interpretação, recorrendo à análise através do recurso às figuras de estilo entre as quais a dupla significância. Através desta podemos analisar o mesmo elemento pictórico segundo várias perspectivas, esta figura de estilo indica-nos que há elementos com grande poder simbólico que nos remetem para o domínio sexual.
Se para algumas culturas, nomeadamente a Brasileira, o veado é um símbolo de homossexualidade, para as culturas europeias, o veado é representativo da masculinidade que devido aos seus grandes chifres representa alguém que não é fiel ao casamento cedendo à sedução de qualquer mulher caracterizando-se por uma grande quantidade de conquistas.
Num segundo plano vemos uma outra figura feminina que embora, segundo a lei da representação da perspectiva, deva ser representada mais pequena por se encontrar mais afastado do observador, também nos parece ilógico que esta seja tão pequena o que nos conduz a outra interpretação simbólica: considerando o penteado e vestuário verificamos que se trata da madrasta que foi colocada fora da acção principal denunciando que esta perdeu protagonismo.
A expressão de glória estampada no rosto da Branca de Neve associada ao facto de ter ao colo um símbolo sexual indica-nos que esta conquistou a atenção do pai exibindo-se com o troféu enquanto afasta a madrasta para fora da batalha. Tal como veremos à frente na interpretação do quadro “Branca de Neve e a Madrasta” também neste quadro à evocação simbólica do Complexo de Electra.
Este é mais um quadro onde é apresenta uma narrativa pictórica, no entanto, nas suas obras é a mulher que assume todos os papéis activos.
No centro uma mulher elegante empoleira-se no braço do cadeirão situando-se acima das outras personagens indicando superioridade; à sua frente vemos uma senhora que embora mais humilde revela também algum poder podendo ser uma nova-rica e o seu filho esconde-se nervosamente atrás dela. Por trás destes últimos vemos Dionísia (personagem do Crime do Padre Amaro) que sendo parteira, aborteira, conselheira e intermediária observa a cena de longe. Do lado esquerdo temos uma menina vestida de branco como sinal de inocência afaga com os pés o cão (ironicamente sinal de fidelidade) e olha de esquina para o seu pai que se vê reflectido no espelho do lado esquerdo do quadro e que parece vigiar atentamente a venda da filha. A mensagem mais pesada é simbolicamente representada no quadro do lado direito que funciona como um presságio ou antevisão do jogo de poder sexual que está eminente e no qual está representado um homem bem vestido que observa uma mulher despir-se. Nesta imagem está representada a superioridade masculina que “comprara” a esposa e a torna sua escrava sexual, por sua vez, a mulher representa uma figura inferior, sem vontade própria e numa posição de humilhação. A mulher é representada como um joguete ou brinquedo nas mãos masculinas.
Devido á continuidade da lei da penalização do aborto, muitas mulheres continuavam a ser constituídas arguidas e neste ano sentaram-se no banco dos réus 7 mulheres envolvidas em abortos clandestinos. Levantou-se novamente o debate sobre o tema e a necessidade urgente de novo referendo e que se tornou tema de conversa publica.
Paula Rego retoma o assunto em forma de provocação e chamando à atenção para a quantidade de abortos que se continuavam a fazer clandestinamente. Este quadro representa uma figura feminina que olha de esguelha fugindo o confronto com o observador. A figura encontra-se sentada numa cadeira algo desconfortável e junto de um lavatório, o seu colo ainda é perceptível o cordão umbilical ligado a um elemento que se encontra no colo da mulher e que representa um feto. Este quadro transmite a falta de condições, a pobreza, a degradação e o sofrimento de alguém que toma uma decisão tão pessoal e interna.
Mais uma vez, Paula Rego, provoca o observador tornando-o cúmplice da discriminação que a mulher era alvo perante a decisão, muitas vezes dolorosa, de se confrontar com a necessidade de um aborto. Esta decisão seria dolorosa não só pela decisão em si, visto que muitas destas mulheres eram levadas e “obrigadas” a abortar pelos mais variados factores, mas também pela desumanização dos espaços, a frieza do ambiente e a falta de cuidados básicos de higiene destes locais onde é praticado o aborto clandestino.
Sendo uma necessidade de algumas mulheres, não será da responsabilidade da sociedade “criar” o mínimo de dignidade para essas mulheres? Não é preferível realizar um aborto do que compactuar com situações de carência, dificuldades económicas, dependências de substâncias ilícitas e até de maus tratos? São estas as questões colocadas ao observador que o obrigam a reflectir sobre um tema que preferimos ignorar.
Nesta série de oito trabalhos vemos “Pietà”, sendo uma das obras que, segundo a jornalista Ana Gastão (2003) foi considerada a mais intrigante, isto porque sabendo que Jesus morreu com trinta e três anos, qual seria o objectivo da artista ter representado Jesus e a Virgem com aspecto de criança? Na análise espacial vemos que o quadro é composto por duas personagens sendo uma feminina e outra masculina, aparentemente com idades próximas. A figura feminina encontra-se sentada no chão com uma saia vermelha e o fundo está pintado com cores quentes. A figura feminina olha objectivamente o céu e segura a segunda figura pelo tronco enquanto a figura masculina tem a cabeça pendente, o corpo aparentemente inanimado e quase nu mas sem qualquer tipo de ferida, ambas as personagens são jovens.
A Virgem Maria é aqui representada como uma rapariga simples que ao ser confrontada com uma gravidez assume o papel de mãe contra o preconceito da sociedade. A representação de Jesus como um jovem aponta para o facto de que um filho permanecerá eternamente criança para uma mãe. A associação destas duas figuras jovens torna a ideia da morte ainda mais dolorosa, por um lado a forma intensa como a Virgem segura o filho e olha para o céu em busca de auxílio, por outro lado a ideia de alguém que morre ainda jovem é mais dorida.
O sentimento de fé é-nos transmitido fortemente pelo olhar e pela postura das personagens, que é abertamente manifestado por Jorge Sampaio: “ uma religiosidade mais ou menos agnóstica; porventura, estarei a dizer uma blasfémia. Mas toda a gente sabe que sou agnóstico. Sinto, no entanto, existir um misticismo nestes quadros.”[1]
O recurso à representação do vestuário contemporâneo transporta a cena para a actualidade tornando-a intemporal. Perante este quadro, a artista evoca a fé, a dor da perda e a elevação do espírito.
[1] Jorge Sampaio na entrevista a Ana Marques Gastão
Este quadro representa uma cena interior com quatro figuras femininas. Em primeiro plano, no centro e bem iluminada, está uma mulher deitada no chão, no segundo plano e também no centro, está uma outra mulher mais nova, contorcida num cadeirão. Em terceiro plano, à esquerda e diluída no fundo, aparece uma terceira mulher observando a cena, à direita, reflectida no espelho, está uma menina segurando um boneco.
O tema evoca um drama centrado em duas mulheres, a mulher deitada exprime sofrimento, enquanto a que está no cadeirão se afasta com repulsa, ao drama. As outras duas assistem desligadas da acção.
A técnica do pastel explora os traços faciais e anatómicos das figuras, acentuando as emoções, o que também é revelado através da escolha das cores e da luz, as diferentes idades das figuras permitem-nos deduzir que se trata de um drama familiar entre mãe e filha (salientando que é uma temática muito explorada pela pintora). Ao agarrar a perna da cadeira e ao direccionar o olhar, símbolo de ligação entre as duas, a mãe pede ajuda enquanto a filha se afasta, repudiando-a. A mulher de preto, que será a empregada, não intervêm na acção rejeitando qualquer tipo de cumplicidade com alguma das partes. O espelho simboliza outro tempo, talvez a infância da filha, simbólico é também o facto da mãe não aparecer reflectida, as dificuldades e a complexidade das relações entre as pessoas são um tema frequente nas obras da pintora.
O quadro “A Prova” enquadra-se nas temáticas de crítica social. Vemos que a acção se desenrola no interior de uma casa em que podemos ver quatro personagens femininas.
No centro do quadro encontra-se a personagem principal à volta da qual se distribuem as restantes. Nota-se que é jovem embora não pareça feliz, o vestido branco, símbolo de pureza, encontra-se acinzentado em certas zonas que poderá apenas representar o grande tufado da saia ou então beliscar a pureza da sua personagem.
O olhar desta personagem dirige-se para o infinito, o braço esticado e a mão cerrada transmitem uma sensação de desagrado. Esta sensação é reforçada pela posição da menina que está sentada no sofá vermelho do lado esquerdo. O sofá vermelho, normalmente associado ao pecado, ampara a menina que também ela de branco revela uma postura de desilusão, derrota… descanso do guerreiro depois de travada a luta. A menina tem a cabeça pendente, parece dormir ou tentar desligar-se da realidade. Esta personagem ao representada como um boneco indica que a forma como algumas meninas da sociedade eram tratadas, os casamentos combinados e arranjados sem darem hipótese à mulher de escolher. As meninas eram tratadas como bonecos que obedeciam aos interesses dos pais e serviam muitas vezes como moeda de troca de favores.
As duas personagens que rodeiam a personagem principal apresentam-se vestidas de preto, cor sombria e triste, e assumem uma posição de decisão. A figura feminina do lado direito está ricamente vestida e aponta para a noiva de forma autoritária, por sua vez, a personagem da esquerda encontra-se ajoelhada indicando subordinação.
No quadro “Branca de Neve e a Madrasta” a cena é constituída por duas personagens que interagem. O cenário foi restrito a um sofá e um tapete colorido. A figura que representa a madrasta está bem vestida e penteada, bem como apresenta sapatos de salto alto enquanto que a segunda figura apresenta vestuário juvenil onde se reconhecem as roupas características da Branca de Neve, conjugadas com uma fita vermelha no cabelo e umas confortáveis meias de lã.
A cena representada é ambígua na interpretação, vemos a madrasta que embora bem vestida parece uma serviçal que ajuda a menina a vestir-se, em contrapartida pode conduzir-nos à interpretação sexual, onde a madrasta ajuda a criança a preparar-se para satisfazer os prazeres sexuais do pai. Sob o ponto de vista da Psicologia, este quadro poderá ser representativa do Complexo de Electra que nos remete para a paixão entre as filhas e os pais, assim, a própria criança pode desejar sexualmente o pai de tal forma que o ódio pela mãe ou madrasta domina a acção.
Esta ajuda por parte da madrasta pode ser entendida como uma tentativa de humilhação de prova de inutilidade, isto conjugado com o facto de duas personagens estarem vestidas com dois estilos tão diferentes pode acentuar esse sentimento de humilhação. Enquanto a madrasta apresenta um vestido justo e curto, conjugado com um penteado sofisticado e sapatos de salto alto formando um conjunto elegante, sensual e sedutor, a Branca de Neve apresenta roupa infantil bem como o penteado que está preso casualmente e que, embora esteja bem justo à cabeça, a imaturidade é acentuada pela fita vermelha sem fim utilitário e apenas decorativa juntamente com as meias de lã que formam um conjunto pouco atraente e muito desajeitado.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Este quadro reporta-nos para uma certa intimidade entre as duas personagens do quadro. É uma cena de exterior onde representa a praia da Ericeira onde Paula Rego passava férias com frequência. Este quadro é composto por duas personagens, a figura feminina encontra-se de pé por trás da figura masculina que esta sentado num banco. A figura feminina está modestamente vestida o que conjuga com o avental branco que lhe atribui um papel de criada, no entanto o cabelo está preso com duas tranças o que lhe confere um ar jovial. O homem contrasta com a figura feminina no vestuário, visto que este se apresenta ricamente vestido.
A figura feminina cuida delicadamente do seu cabelo enquanto o homem se delicia com estes cuidados demonstrando serenidade e satisfação através da sua expressão facial. Os elementos pictóricos mais próximos do observador confirmam a ideia transmitida pelo titulo – A Partida. Desta forma, podemos ver uma mala com sobretudo pousado em cima indicando que a figura masculina está de partida.
Considerando que este quadro foi pintado num de grande sofrimento da artista devido ao agravamento considerável da doença de Vic. Nesta obra Paula Rego evoca a despedida eminente do seu companheiro de vida. As malas prontas e o casaco sobreposto sobre a mesma indicam-nos a noção que a artista tinha sobre a proximidade inequívoca da morte do seu amor e a quem dedicou tanto da sua vida mas ao mesmo tempo a quem devia tanto da sua carreira.
Torna-se um quadro altamente emotivo devido à temática e sobretudo à serenidade de um olhar que sabe que o fim está para breve.
Este é o primeiro de dois trípticos pintados pela artista sobre o aborto. Sendo este um tema que conduz a mulher à discriminação em Portugal, Paula Rego produziu várias obras onde aborda a temática de forma a provocar o observador tornando-o cúmplice do sofrimento e da discriminação de quem, por factores económicos, tem de recorrer ao aborto clandestino.
Desde sempre a mulher tem sido discriminada pelo sexo, pela falta de poder, pela baixa escolaridade, por ser considerada o “sexo fraco” mas nesta obra apresenta a falta de direitos à escolha do seu futuro.
As questões relacionadas com o aborto, embora choquem e provoquem discussão, são situações pelas quais as mulheres em Portugal eram punidas e consideradas criminosas socialmente. Paula Rego aborda esta temática como forma de alerta para o sofrimento da mulher.
No quadro da esquerda, no centro, vemos uma mulher sentada numa cama, de pernas afastadas, tendo uma toalha por baixo de si e uma tigela do seu lado direito, por baixo da qual podemos ver um balde e um alguidar. Embora o rosto da mulher pareça tranquilo, vê-se que parece olhar o infinito, despido de sentimentos e emoções, a pressão que as mãos exercem nas pernas deixa transparecer o sofrimento interior desta mulher. Todos os restantes elementos do cenário são significativos para indicar ao observador que esta mulher sofreu um aborto.
Na imagem central, temos como elemento central uma mulher ajoelhada, por baixo de si podemos ver um recipiente, está com a cabeça apoiada na cama que está coberta por um manto vermelho e por uma toalha branca atravessada. No fundo da cama pode-se ver um recipiente para a água e um cadeirão tombado. Se no quadro anterior o sofrimento só seria perceptível pela força das mãos nas coxas, neste quadro o sofrimento da mulher é bem visível, a cama desarrumada, o cadeirão caído, a sua cabeça apoiada na cama e sobretudo a sua expressão denunciam-nos um sofrimento atroz. Estando com roupa interior, leva-nos a deduzir que este processo já teve início há algum tempo e devido à dor. Deduz-se que esta mulher já tentou aliviar o sofrimento tirando a roupa, já deveria ter tentado várias posições e que já se espalhou por todo o quarto.
Na imagem da direita temos representado em grande plano uma mulher que, aparentemente, dorme tranquilamente, tem uma mão que segura a almofada e os sofás revelam já alguma decadência. Neste quadro esta mulher parece jovem, devido ao penteado e ao vestuário ( os ténis) o que nos leva a deduzir que esta jovem já passou por algum tipo de sofrimento, tem o rosto bastante fechado para quem dorme e a posição das pernas também será indício do sofrimento passado.
Este quadro por si só não teria o mesmo significado que tem quando o englobamos no tríptico sobre o aborto. Assim, se no primeiro quadro vemos uma mulher que ainda não revela grande sofrimento, temos um segundo quadro onde isso é representado sem qualquer dúvida e de seguida temos este terceiro quadro que nos apresenta uma mulher a dormir. Analisando esta sequencia podemos deduzir que a primeira imagem poderá representar alguém que se encontra numa primeira fase, em que as dores ainda se suportam e em que é fundamental manter a calma e a posição de expulsão.
Na segunda imagem, aquela mulher já não suporta as dores e a tortura é de tal forma que tudo servirá para aliviar o sofrimento, esta última é a imagem de alguém que adormece de exaustão que depois de todo o sofrimento físico e psicológico já não resiste e adormece. Este tríptico foi elaborado aquando do referendo sobre o aborto, pretendo alertar para o sofrimento da mulher que aborta não por prazer mas por necessidade.
Este quadro pertence ao grupo de obras do Crime do padre Amaro inspirado na obra literária de Eça de Queiroz com o mesmo nome. Contrariamente ao romance, Amélia permanece na história e é ela a personagem principal. Em “À Janela” vemos uma personagem em grande plano que se encontra de costas para o observador, o seu pé esquerdo encontra-se em cima de um cadeirão de vime e devido a essa posição a saia deixa ver parte da perna. A figura encontra-se debruçada numa janela de onde irradia luminosidade, tendo um dos braços apoiado no parapeito da janela o outro serve de suporte ou apoio à cabeça.
Neste quadro é representada a mulher que espera à janela que alguém decida a sua vida, incapaz de determinar o rumo da sua vida olha pela janela aberta à espera de liberdade. Sendo ela a personagem principal, esta Amélia de Paula Rego não demonstra capacidade de luta neste quadro (embora esteja subjacente em vários outros), ao ser ludibriada por um amor explorado e excomungado, ela espera calmamente que a luz do dia ilumine a sua vida.